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"A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida"
( Vinícius de Morais)

04 setembro 2011

Black Stayle canta Chico Buarque?!

Eis aqui um texto que sonharia ter escrito:



Aninha Franco
Entre Chico e Robsão

Robsão do Black Style festejou 29 anos há quatro meses. Tem, no currículo, Vaza canhão, Tabaco, Empurrando, Rala a tcheca no chão e Perereka. Chico Buarque, aos 27 anos, em 1971, entregou ao País Construção, mas já existia em seu currículo Januária, Carolina, A Banda e A Rita. Os dois cantam as mulheres. Em A Rita, Chico lamenta a perda da companheira e de um disco de Noel( Rosa) e, em A Rosa, deplora o dono a um Neruda não lido. A voz que ele doou às mulheres é outro papo. As fêmeas de Robsão são expulsas da área pelo imperativo do verbo vazar, com o epíteto de canhão! Ralam a pobre tcheca no asfalto, evocada em Tabaco e Empurrando.

O projeto da deputada Luiza Maia ( PT) demonstra que a Assembleia Legislativa existe e está preocupada com a violência ( também) musical contra as mulheres. Mas por que, a pergunta aparece, Robsão e outros jovens aqui, ali e acolá, já que o cancioneiro femicida está no funk carioca, criam esses mantras para milhares de consumidores, inclusive mulheres? Proibir a contratação pública desses repertórios é o início. Mas haverá shows em que o Black Style, contratado com verba pública pra cantar Chico Buarque, ouvirá pedido das plateias de Vaza canhão e Tabaco. É ir ao Monte Serrat domingo desses e conferir.

Talvez Robsão crie músicas para agredir mulheres porque a educação não lhe deu outras opiniões. E porque a sociedade que lhe ouve não quer ouvir mais que isso. Chico Buarque criou Construção para ouvintes preparados em escolas públicas da excelência do Góes Calmon, do Central, do Severino Vieira, da Escola Parque. A ditadura estragou essa excelência, mas a ditadura acabou em 1985, há 26 anos, e a democracia ainda não demonstrou maioridade.

Em camaçari, município de onde vem a deputada Luiza, há duas secretarias de Cultura. A de Eventos, que promove festas( Carnaval e São João), e a de Cultura, que gere e administra a Cidade do Saber, a casa mais contemporânea do Estado. Recebe mais verba a secretaria de Eventos. Para mudar o trato com as mulheres dos Robsões que estão nascendo, é preciso que esse fomento sofra invasão. Ou o Brasil continuará nádegas de nádegas!

* Fonte: Revista Muito do grupo Atarde.





( E apesar desse favor, a deputada Luiza Maia  está sendo ameaçada de morte)

11 comentários:

  1. É a questão da subjetividade feminina, as mulheres estão cada vez mais preocupadas em mostrar bundas e peitos do que contemplar músicas que elevem a auto-estima, e valorização da sua essência, como se todo seu potencial se reservasse somente ao estereótipo.

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  2. e a essência vai se perdendo por aí...

    =*

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  3. Pois é Diu, isso é Brasil!

    Minha linda, vim agradecer seu carinho na minha reabilitação cirúrgica!!!

    Ô Diu, você me é tão querida!
    Um beijo!

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  4. Diu,

    Vou deixar um link lá em Walter pra essa sua postagem de muita valia.

    Beijos na alma!
    Layla Barlavento
    culpadowalter.blogspot.com

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  5. Claro, Layla. Queria muito saber a opinião das pessoas em relação a essas letras. Mas educação nos falta, como está nas entrelinhas do texto- em casa ou nas escolas.
    FICO GRATA!
    abraço!

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  6. Muito interessante esta edição. Gosto de leitura crítica feita a partir de dentro, do conhecimento real das situações.

    bjs

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  7. OBS " Meu Teclado esta sem Acentuacao " Me admiro de uma jornalista esta glorificando um projeto de lei que visa coibir, punir, usar de preconceito com alguma coisa, ha muito tempo ouco que e proibido proibir... politicos querem apenas se promover, e isso a DEPUTADA esta querendo, porque nao fazer um plebecito em frente aos shows e perguntar aos frequentadores, muitas musicas sao realmente obcenas... Mude de radio, nao compre o cd, mostre para seus filhos outros tipos de musica, mas jamais tente coibir, pode ser o inicio de uma nova DITADURA... Os colegas desta mesma deputada estao tentando incluir o KIT GAY nas escolas para as nossas criancas e isso nao causa tanto impacto, nao sou HOMOFOBICO, mas nao concordo que minhas criancas com de 13/14/15 anos ou menos tenham a ideia de quer beijar o outro coleguinha do mesmo sexo e certo... desculpa mas nao concordo...

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  8. Olá, teu blog está muito lindo.
    Gostei de tudo.
    Estou te seguindo, gostaria de contar com a tua visita.
    Ótima semana

    http://in-conditional.blogspot.com

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  9. É, anônimo, o que se tira disse tudo é que temos que mostrar nossa cara e expressar nossas ideias. Não sou contra o kit gay por ser hétero. Aliás, meu grande amigo também é contra o tal kit e ele é homo. Detesto esse pagode depredativo e ponto. Sei que essa cultura tende a cegar- mais ainda, nossas crianças, homens e mulheres, assim como a ignorância, a pobreza e a violência. O tom musical só reflete, é consequência do que'nós' somos. Falo de povo,maioria, e da nossa realidade no ranking da pobreza.
    Por que não cantarolamos ainda uma música que favoreça a pedofilia ou ao estupro?( estamos quase lá).Será que violência contra mulher não merece ser discutida ou freada? Prefiro acreditar que a moralidade ainda habita entre nós- e a desgraça alheia também me pertence.

    Só o debate já é um grande passo.

    inté

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É o coração que faz a eloquência. Partem do coração os grandes pensamentos.

(Quintiliano)