Era-se o tempo... Na Idade Média, o trovador exaltava as qualidades de sua amada e se conformava com um amor não correspondido, tornando-se um mero vassalo diante do seu sofrimento e inferioridade perante a alma feminina. Mas os tempos são outros e outros são os valores. Ninguém perde tempo fazendo propaganda do coração partido, e se o faz, é certo que esteja em meio a uma desilusão amarosa seguida de uma fossa interminável.
O dito moderno é que entre duas pessoas a única coisa anormal que pode acontecer é o amor . Seria algo muito complexo para os dias de crise, não? Busca-se bons estudos, bom emprego, uma carreira de sucesso, enfim, quando não se tem mais nada de tão interessante para almejar, o amor entra em cena. Ah...Tenho certeza de que me sentiria mais à vontade em décadas passadas, onde as tradições, letras e valores eram outros. Não é o fato de pregar o sofrimento e o morrer de amor inspirado no romantismo do mal do século, mas suponho que valorizar esse sentimento em nossas relações seria a cura do mundo. Que sejam ridículas as cartas de amor! Não me importo. Aceito-as de bom grado e envaidecida.
Prefiro acreditar que tanto amargor e o pouco caso com as relações sejam fingimento, e uma armadura pode cair bem, às vezes. Porque quem se resguarda não perde a guarda nem o juízo, certo?!
A essa altura, a minha intenção já foi percebida, creio. É irrefragável. Todo e qualquer 'amor' tem sempre mais valia e nobreza. O calor no olhar, a leveza na alma, o consolo do cheiro, do abraço e do peito só nos leva a ele. O certo é estar pronto para esse turbilhão de emoções, mesmo que seja incerto o risco da cegueira. Mas pode abaixar os escudos e descanse . Se algo der errado vai doer, vai passar e se constrói de novo a armadura, ergue-se o escudo... mas vem a pureza no olhar, o calor no abraço, o prazer no cheiro...
Ai, quem me dera ver morrer a
feraVer nascer o anjo, ver brotar a
florAi, quem me dera uma manhã
felizAi, quem me dera uma estação de
amor( vinícius de moraes)
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É o coração que faz a eloquência. Partem do coração os grandes pensamentos.
(Quintiliano)